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A aceleração do ritmo de trabalho, o assédio moral e as jornadas intensas não são prejudiciais apenas ao corpo, mas também a saúde mental. Basta darmos uma olhada ao nosso entorno, para nossos colegas de trabalho, que vamos entender o nível de gravidade da situação. Quantas pessoas que você convive no trabalho que toma algum medicamento para depressão, ansiedade ou algum outro problema de ordem psicológica?

De fato, a depressão e outros transtornos de Saúde Mental já são a 4ª maior causa de afastamentos do trabalho no país. E isso por que na maior parte dos casos os trabalhadores, apesar da condição de saúde não são afastados pelos patrões. A OMS (Organização Mundial de Saúde) afirma que até 2020, a depressão será a maior causa de afastamento do trabalho no mundo. Atualmente ela perde apenas para a LER/DORT. Ainda de acordo com a OMS, 33% da população mundial sofrem com algum tipo ou nível de ansiedade, o que equivale a cerca de 700 milhões de pessoas em todo o mundo.

Mais uma vez, assim como nos acidentes, os patrões tendem a relacionar o adoecimento a fatores individuais de cada trabalhador. Mas como é possível que em algumas categorias específicas como Saúde, bancários, policiais, professores e rodoviários tenham um nível de incidência bem maior que outras categorias?

Especialistas em Psicologia do Trabalho pontuam que o trabalho, em certas condições, pode promover saúde e bem estar psíquico aos trabalhadores. Em outras condições, pode promover adoecimento. O que explica as categorias que tem maiores índices é justamente a condição de trabalho.

Os profissionais de saúde ocupam o terceiro lugar entre os mais afetados pelos transtornos de saúde mental. “Embora exista uma pressão de parte dos empregadores para tentar colocar a responsabilidade nos trabalhadores – atribuindo a processos da vida pessoal, ou fatores como ‘cabeça-fraca’” sendo que isso não é verdade. Para isso, seria necessário explicar o por quê de existirem outros grupos de trabalhadores e empresas para os quais o trabalho se transforma em um ponto de apoio para a superação de uma fase difícil.” afirma Raíssa Dias, psicóloga clínica e organizacional.

No específico do trabalho na Saúde, existem uma série de fatores que levam a isso: os plantões em horários difusos, os baixos salários que levam os trabalhadores a buscar mais de um emprego, aumentando assim o cansaço, diminuindo as horas de sono e o esgotamento físico. Para se ter uma idéia, a doença recorrente deste esgotamento profissional, conhecida Síndrome de Burnout, é responsável por 30% dos afastamentos de trabalhadores no país, de acordo com pesquisa realizada pela Isma (International Stress Management Association)

Além disso, o assédio moral e a pressão constante pela produtividade também são aspectos que contribuem para o aumento do stress que leva a inúmeras doenças: como a depressão e o transtorno de ansiedade. Por último, a exposição ao sofrimento, a doença e a morte também é elencado como um fator que expõe trabalhadores às doenças de ordem psicológica.

Como se vê, o adoecimento psíquico passa longe de ser um problema individual e suas causas se encontram em boa parte das vezes nas próprias condições de trabalho. É preciso romper com os preconceitos que rondam doenças como essas, cada vez mais presentes no cotidiano dos trabalhadores, e colocar a luta contra elas na pauta do dia. Não podemos permitir que a ganância dos patrões acabe com a nossa saúde mental e a nossa qualidade de vida!  

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